domingo, 31 de maio de 2015

ARTIGO: BETO RICHA ATACA PROFESSORES E A DEMOCRACIA

Por Jardel Dias Cavalcanti
Professor de História da Arte da Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Uma imagem publicada na capa do Jornal de Londrina nos emociona e nos envergonha: um grupo de policiais armados com escudos e cassetetes correndo para atacar uma professora desprotegida.

A descrição dos fatos que se seguem a essa imagem é trágica, imoral, desumana e deixa claro que o governo do Paraná se tornou ditatorial: encurralados por policiais fortemente armados, professores e alunos recebiam chutes, pauladas na cabeça, gases no rosto, ataques de cachorros, balas de borracha por todo o corpo. Mais de 200 professores feridos, cabeças ensangüentadas devido a pauladas, corpos rasgados por balas de borracha, hematomas devido a chutes nas pernas, barriga e no rosto. Um jornalista quase perde a vida ao ser atacado por um cachorro. Professoras sendo chamadas de putas, vagabundas, por policiais destreinados e dispostos à violência irracional. Um duro ataque àqueles que são os educadores do Paraná e àqueles que serão os futuros profissionais do Estado que os tratou como marginais perigosos. Até atiradores de elite estavam prontos para atacar os professores, caso Beto Richa achasse necessário.

Richa organizou um exército particular, convocando inúmeros policiais de várias cidades do Paraná, com a intenção de impedir que professores e estudantes entrassem na ALEP para protestar contra a aprovação do saque do dinheiro dos funcionários públicos depositado no Paranaprevidência. Um governo falido, que precisa a todo custo restabelecer as suas contas, decide pela estratégia de saque à mão armada se define como a política mais antidemocrática que se tem notícia no Paraná.

O contingente policial não era pequeno, uma espécie de guarda pretoriana do governador, que criou uma espécie de pequena ditadura instaurada no Paraná para servir aos interesses do seu (des)governo. Da varanda da ALEP o governador e partidários comemoravam o ataque aos professores com riso cínico. Isso é imperdoável.

O resultado foi uma tragédia que envergonhou e envergonhará para sempre o Paraná. O ataque armado contra professores e estudantes circulou não só no Brasil, mas em noticiários pelo mundo. Atentou-se violentamente contra a democracia, fazendo jorrar sangue de pessoas desprotegidas, lutando por seus direitos, diante de um exército armado com bombas, cassetetes, escudos, balas de borracha, spray de pimenta e cães treinados para matar.

A resposta da sociedade foi imediata. Repúdio à violência e ao Estado antidemocrático instaurado no Paraná. A imoralidade e ilegalidade do ataque aos professores nos faz pensar nos procedimentos da Ditadura Militar, que calava os descontentamentos do povo através da violenta repressão policial. Essa é a forma de diálogo do atual (des)governador.

A resposta virá, começando pelo descrédito que a figura de Richa terá para sempre no Paraná e no Brasil. Esse governador não tem mais coragem, nem moral, de passear livremente pelas ruas do Estado que ele governa. A imagem que fica é a do governador que atacou brutalmente os educadores, que saqueou o dinheiro dos servidores públicos para preencher o buraco de um Estado falido. A imagem do sangue dos professores pisoteados manchou a bandeira do Paraná. E uma imagem vale mais do que mil palavras.

Enquanto isso, os filhos de Richa entram numa sala de aula e se postam diante de um professor, aquele que pertence à classe que seu pai esmagou na pancada...


sexta-feira, 29 de maio de 2015

UEL EDUCA NA LUTA: ‪Jamais Esqueceremos


UEL Educa na Luta rememora o massacre do dia 29 de abril de 2015.

VÍDEO: Massacre 29



"Video-documentário produzido por professores e estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa. A parceria é do projeto de extensão Lente Quente, do programa Agência de Jornalismo, além da TVcomunitária e Sinduepg." Fonte: youtube

NOSSA LUTA EM IMAGENS: ato 30 dias do massacre

Ato "30 dias do massacre" realizado no calçadão de Londrina no dia 29 de maio de 2015.





































ATO 30 DIAS DO MASSACRE - LONDRINA

Depois de um mês do massacre aos professores, estudantes e servidores, em sua maioria da educação, que reivindicavam seus direitos em frente a Assembleia Legislativa do Paraná, o governador Beto Richa continua com seus ataques ao funcionalismo público: primeiro o roubo da Previdência, agora proposta absurda de 3,45 na data-base dividida em três vezes.

 O ato de hoje não só relembrou o ataque com bombas, balas e gás com uma  dramatização  dos professores que estavam em Curitiba naquele dia mas teve também falas dos representantes sindicais, fala do Movimento Estudantil Universitário, grande participação de estudantes do ensino médio e de toda população de Londrina.

Que  este dia não seja esquecido.
Caminhada pelo centro da cidade de Londrina

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Trinta dias do massacre

No dia 29 de maio todos do Paraná estarão mobilizados. São trinta dias do massacre aos professores que estavam acampados lutando por seus direitos na Alep.
Em Londrina estaremos juntos para não esquecer, participar, reivindicar.




Ocupação do Núcleo Regional de Educação



sexta-feira, 22 de maio de 2015

ARTIGO: O QUE DEFENDEM OS PODERES DO ESTADO?

Por Erika Juliana Dmitruk
Professora do Departamento de Direito Público da Universidade Estadual de Londrina.


Desde o começo deste ano não temos tido trégua. Ao buscarmos interpretar minimamente os fatos que nos são apresentados apenas o sentimento de perplexidade se sobrepõe ao próprio sentimento de perplexidade.

Vivemos em um Estado nominalmente Republicano e Democrático de Direito, que deveria exercer suas funções de forma tripartide – o Legislativo fazendo as melhores leis para o alcance do bem comum, o Executivo realizando os programas discutidos e legislados, o Judiciário realizando julgamentos no sentido de se fazer realizar no mundo dos fatos o dever ser da norma jurídica, prestando atenção aos fundamentos da nossa República, entre eles a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º Constituição Federal); para realizar os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e promover o bem de todos, sem preconceitos, entre outros previstos no art. 3º da Constituição Federal).

Mas a realidade se mostra alheia a tudo isso... Temos um Legislativo que legisla em causa própria, seja na esfera federal ou estadual. Temos industriais, empresários, propondo um projeto de lei que expropriará os trabalhadores do mínimo de dignidade na venda da sua força produtiva – a PEC da terceirização 4330/04; temos ruralistas, donos de canaviais, criadores de gado, flexibilizando o conceito de trabalho escravo, retirando do tipo penal os termos jornada exaustiva e condições degradantes de trabalho; temos os mesmos interessados liberando agrotóxicos, e retirando a identificação dos alimentos transgênicos.
Paralelo a isso, o Poder Executivo, alheio a “crise” propalada exaustivamente, aumenta o próprio salário e verbas de gabinete.

No Paraná, a promiscuidade instalada entre os poderes vem se mostrando de forma clara desde fevereiro quando a Assembleia Legislativa procurou aprovar, mediante um malfadado Regime de Comissão Geral, o confisco de 8 bilhões da Previdência de seus servidores, e o ato mais repugnante se encena em 29 de abril de 2015.

Com a conivência do Judiciário e do Ministério Público, em uma sucessão de decisões de embasaram o discurso do “estamos agindo legalmente”, o Executivo instalou o massacre aos manifestantes do Centro Cívico – professores em sua absoluta maioria. E o Legislativo só foi capaz de dizer: as bombas são lá fora, então, vamos continuar a votação.

Este texto é uma provocação: quem ou o que tem PODER sobre os poderes?

 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Em nova assembleia, professores definem rumos para movimento de greve

Reunidos numa nova assembleia na manhã de hoje (21), no Anfiteatro Cyro Grossi (Pinicão), professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) discutiram novos encaminhamentos sobre a greve, que já dura 27 dias. Ainda sem conseguir dialogar com o governo sobre suas demandas, os docentes optaram por manter o movimento que se intensifica em todo o Paraná com a adesão de outras categorias de servidores. 


Durante a assembleia, os professores debateram a importância da manutenção do movimento, visto que o governo se nega a dialogar sobre a data-base - o reajuste anual que repõe a inflação do período. Convidados, representantes da APP-Sindicato apresentaram um panorama sobre o cenário do movimento na rede estadual de ensino e destacaram a importância da união entre as categorias. Professores estaduais e universitários decidiram fazer um ato unificado pela educação em Londrina. 

Mesa formada por membros do Sindicato e do Comando Docnte

Os participantes voltaram a discutir a suspensão dos calendários de aula e do Vestibular 2016 - que foram aprovados pela última assembleia docente. A medida foi tomada, entre outros motivos, para que não haja prejuízos para os alunos da rede estadual de ensino, que estão sem aulas por causa da greve. Os professores decidiram intensificar as mobilizações dentro e fora da UEL para esclarecer a importância dessas ações que ainda dependem da aprovação do CEPE, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

Ao final da assembleia, os professores participaram de um ato em frente à reitoria para cobrar um posicionamento da reitora, Berenice Quinzano Jordão com relação às últimas decisões do movimento grevista. Os docentes pediram que Berenice saísse de seu gabinete para responder a algumas questões, como a aprovação da suspensão dos calendários da graduação e do vestibular. Berenice informou que todas as noticias que chegaram até ela foram encaminhadas aos órgãos competentes e que o posicionamento dela é em defesa da universidade.


Conversa com a Reitora. Foto Sindiprol Aduel

Movimento é considerado ilegal, mas continua

Os professores foram informados por representantes do Sindiprol/Aduel que a greve foi considerada ilegal e abusiva pela Justiça. Apesar da notificação, o sindicato pretende recorrer e a greve continua. Para os próximos dias já há calendário definido: na próxima quarta-feira (27), os docentes voltam a se reunir para organizar as mobilizações do dia 29 de maio – data em que o massacre aos servidores em Curitiba completará um mês. 

Mobilizações e organização do movimento de greve na UEL

O dia 19 de maio foi de mobilizações tanto na cidade como na Universidade Estadual de Londrina.
Pela manhã houve um ato em defesa da Educação e da Saúde Públicas no Hospital Universitário com participação de funcionários, professores e estudantes em defesa e denúncia das condições precárias por que passam os hospitais.
Lá foram constatadas mais uma vez as  condições totalmente desfavoráveis tanto para o trabalho de docentes, funcionários e residentes como para o atendimento à população.
O ato teve panfletagem e falas que enfatizaram como os desmandos do governador vêm afetando a saúde de forma geral e atacando os direitos trabalhistas do funcionalismo público.




O período da tarde foi marcado com a colagem de cartazes de "Greve Geral" em toda a Universidade, mostrando claramente que todos os serviços estão paralisados.
Esta atividade também contou com a participação da Rádio Móvel Uel Cutuca na Luta, que de forma bem humorada tenta arregimentar possíveis funcionários ou professores que se mantém em atividade na Universidade.




 Estas atividades conjuntas têm o objetivo de enfatizar que a luta é de todos.
Só com a organização e mobilização de todos serão reconquistados direitos perdidos e mantidos os que ainda vigoram.

NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE ALTERAÇÃO DAS DATAS DO VESTIBULAR NA UEL


O Comando de Greve da Universidade Estadual de Londrina publicou uma nota de esclarecimento sobre as alterações nas datas do vestibular.