Por Jardel Dias Cavalcanti
Professor de História da Arte da Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Uma imagem publicada na capa do Jornal de Londrina nos emociona e nos
envergonha: um grupo de policiais armados com escudos e cassetetes correndo
para atacar uma professora desprotegida.
A descrição dos fatos que se seguem a essa imagem é trágica, imoral, desumana
e deixa claro que o governo do Paraná se tornou ditatorial: encurralados por
policiais fortemente armados, professores e alunos recebiam chutes, pauladas na
cabeça, gases no rosto, ataques de cachorros, balas de borracha por todo o
corpo. Mais de 200 professores feridos, cabeças ensangüentadas devido a
pauladas, corpos rasgados por balas de borracha, hematomas devido a chutes nas
pernas, barriga e no rosto. Um jornalista quase perde a vida ao ser atacado por
um cachorro. Professoras sendo chamadas de putas, vagabundas, por policiais
destreinados e dispostos à violência irracional. Um duro ataque àqueles que são
os educadores do Paraná e àqueles que serão os futuros profissionais do Estado
que os tratou como marginais perigosos. Até atiradores de elite estavam prontos
para atacar os professores, caso Beto Richa achasse necessário.
Richa organizou um exército particular, convocando inúmeros policiais de
várias cidades do Paraná, com a intenção de impedir que professores e
estudantes entrassem na ALEP para protestar contra a aprovação do saque do
dinheiro dos funcionários públicos depositado no Paranaprevidência. Um governo
falido, que precisa a todo custo restabelecer as suas contas, decide pela
estratégia de saque à mão armada se define como a política mais antidemocrática
que se tem notícia no Paraná.
O contingente policial não era pequeno, uma espécie de guarda pretoriana
do governador, que criou uma espécie de pequena ditadura instaurada no Paraná
para servir aos interesses do seu (des)governo. Da varanda da ALEP o governador
e partidários comemoravam o ataque aos professores com riso cínico. Isso é
imperdoável.
O resultado foi uma tragédia que envergonhou e envergonhará para sempre o
Paraná. O ataque armado contra professores e estudantes circulou não só no
Brasil, mas em noticiários pelo mundo. Atentou-se violentamente contra a
democracia, fazendo jorrar sangue de pessoas desprotegidas, lutando por seus
direitos, diante de um exército armado com bombas, cassetetes, escudos, balas
de borracha, spray de pimenta e cães treinados para matar.
A resposta da sociedade foi imediata. Repúdio à violência e ao Estado
antidemocrático instaurado no Paraná. A imoralidade e ilegalidade do ataque aos
professores nos faz pensar nos procedimentos da Ditadura Militar, que calava os
descontentamentos do povo através da violenta repressão policial. Essa é a
forma de diálogo do atual (des)governador.
A resposta virá, começando pelo descrédito que a figura de Richa terá
para sempre no Paraná e no Brasil. Esse governador não tem mais coragem, nem
moral, de passear livremente pelas ruas do Estado que ele governa. A imagem que
fica é a do governador que atacou brutalmente os educadores, que saqueou o
dinheiro dos servidores públicos para preencher o buraco de um Estado falido. A
imagem do sangue dos professores pisoteados manchou a bandeira do Paraná. E uma
imagem vale mais do que mil palavras.
Enquanto isso, os filhos de Richa entram numa sala de aula e se postam
diante de um professor, aquele que pertence à classe que seu pai esmagou na
pancada...
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